Fachada ativa como indutora de hospitalidade urbana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29147/revhosp.v21.1218

Palavras-chave:

hospitalidade, fachada ativa, políticas públicas, grandes cidades, estabelecimentos gastronômicos

Resumo

O espaço público é um local essencial para os encontros nas grandes cidades. Assim como os espaços privados de uso público, em especial os estabelecimentos gastronômicos. Parte-se da premissa que a qualificação destes espaços é essencial para a geração de cidades hospitaleiras e pode ser providenciada pelo gestor público, que atua como anfitrião urbano, por meio de políticas públicas. Prova disto, é a inclusão do parâmetro qualificador de ocupação do solo “fachada ativa” no Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo. Este instrumento urbanístico incentiva usos comerciais e de serviços nos pavimentos térreos de edifícios multifuncionais, oferecendo contrapartidas fiscais ou construtivas. Dos usos da fachada ativa, pressupõe-se que os relacionados à alimentação são essenciais para a hospitalidade urbana. Tem-se como objetivo analisar aspectos arquitetônicos e urbanísticos de fachadas ativas implantadas numa via paulistana sob a perspectiva da hospitalidade urbana. Utiliza-se estudo de casos múltiplos na Avenida Rebouças. Os resultados indicam que, apesar da implementação de fachadas ativas, a falta de infraestrutura para dar suporte à implantação de restaurantes e bares e o distanciamento do prédio em relação à calçada comprometem a hospitalidade urbana, a atratividade do local e a sensação de segurança do lugar.

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Biografia do Autor

Thiago Souza Ramos

Mestre em Hospitalidade pela Anhembi Morumbi. Grastrônomo pelo Centro Universitário São Judas Tadeu. Professor em cursos de gestão em hotelaria, gastronomia e mercado do luxo  na Universidade Anhembi Morumbi.

Valeria Ferraz Severini, Universidade Anhembi Morumbi - UAM

Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo com foco de estudo em hospitalidade urbana, turismo e desenho urbano. Pós-doutora em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Fundação Armando Alvares Penteado. Licenciada em Edificações pela Belas Artes. Professora do Programa de Pós Graduação em Hospitalidade e do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi.

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Publicado

2024-12-19

Como Citar

Souza Ramos, T., & Severini, V. F. (2024). Fachada ativa como indutora de hospitalidade urbana. Revista Hospitalidade, 21, 319–349. https://doi.org/10.29147/revhosp.v21.1218

Edição

Seção

Artigos