O protagonismo da cachaça como possível elemento promotor da memorabilidade da experiência turística
DOI:
https://doi.org/10.29147/revhosp.v21.1197Palavras-chave:
experiência turística, memorabilidade, cachaça, turismo gastronômico, Paraty-RJResumo
A cidade de Paraty, localizada no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, é importante destino turístico brasileiro e Patrimônio Mundial da Humanidade, declarado pela UNESCO, na categoria de sítio misto, pelo valor excepcional do seu patrimônio natural e cultural. Paraty também integra a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, no campo criativo da gastronomia, motivado principalmente pela importância da cachaça no contexto gastronômico paratiense, cuja produção é expressiva desde o século XVIII. Diante da possibilidade desta bebida destilada ser um elemento relevante na construção de experiências turísticas memoráveis, surge a seguinte indagação: a cachaça como produto gastronômico local, integra as experiências turísticas memoráveis ofertadas pelo mercado turístico de Paraty? Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar a cachaça como relevante atrativo gastronômico local e elemento de memorabilidade da experiência turística. Para tal, foi realizado levantamento bibliográfico, entrevistas e trabalhos de campo, além da análise da oferta de serviços vinculados à cachaça em plataformas eletrônicas. Como resultado, observou-se o grande potencial existente da bebida como elemento de memorabilidade. No entanto, há um descompasso entre a relevância da mesma como atrativo turístico de Paraty e a comercialização do produto nos canais contemporâneos de divulgação das experiências turísticas.
Downloads
Referências
ALENCASTRO, L.F. África, números do tráfico atlântico. In: SCHWARCZ, L. M.; GOMES, F. Dicionário da Escravidão e Liberdade, Companhia das Letras, São Paulo, p. 57-63, 2018.
ALVARENGA, H. A cachaça como atrativo turístico em Paraty (RJ). Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Turismo) – Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, 2016.
BARROS, S. (2022). Ciclos de Paraty e a evolução até o atual ciclo do Turismo: um breve histórico. Entrevista concedida à Ivina Nascimento pela Secretária Adjunta de Turismo – SECTUR (Secretaria de Turismo Prefeitura de Paraty). Realizada em 27 de junho de 2022.
BENI, M. C. Análise estrutural do turismo (12ª ed.). São Paulo: Senac, 2007.
BRASIL. Ministério do Turismo. Tour da experiência: Cartilha completa. Brasília, DF, 2010. Acedido a 19/01/2017. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/public acoes/downloads_publicacoes/Cartilha_Metodologia_Projeto_Econo mia_Experiencia.pdf
BRASIL. Plano de manejo da área de proteção ambiental de Cairuçu. Paraty: ICMBio, 2018. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cairucu/plano-de-manejo.html
BRASIL. Lista de IGs Nacionais e Internacionais Registradas. Brasilia-DF: Ministério da Agricultura e Pecuária, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/indicacao-geografica/listaigs. Acesso em 11 de agosto de 2024
CALDAS, A. S. As denominações de origem como unidade de planejamento, desenvolvimento local e inclusão social. Revista de Desenvolvimento Econômico – RDE, Salvador – BA, v. V, n. 8, 2003.
CARVALHO, A. V., P.; PELLIN, V. As Indicações Geográficas Como Estratégia Para Fortalecer o Território – O Caso da Indicação de Procedência dos Vales da Uva Goethe. Desenvolvimento em Questão. 2015, n. 13, n. 30, p. 155-174. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=75235861007 DOI: https://doi.org/10.21527/2237-6453.2015.30.155-174
CARVALHO, L.; BUENO, R. C.; CARVALHO, M.; FAVORETO, A. L.; GODOY, A. F. Cana-de-açúcar e álcool combustível: histórico, sustentabilidade e segurança energética. Enciclopedia biosfera, v. 9, n. 16, 2013. Disponível em: https://conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/3381
CARVALHO, V. S.; FIGUEIREDO, M. E. A. Cachaça: da senzala ao d.o.c. Recife: UNIBRA. Orientador(a): Prof. Pedro Arthur do Nascimento Oliveira. Trabalho De Conclusão De Curso (Graduação)- Centro Universitário Brasileiro – Unibra. Tecnólogo em Gastronomia, 2022.
COELHO, M. Viagens de brasileiros: um modelo de relações entre experiência turística memorável, mindfulness, transformações pessoais e bem-estar subjetivo. Tese de doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUOS-AZNKY3
COELHO, M.F.; GOSLING, M.; ALMEIDA, A. S. A. Tourism experiences: Core processes of memorable trips. Journal of Hospitality and Tourism Management, v. 37, p. 11-22, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.004 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhtm.2018.08.004
COELHO, M.F,; VALDUGA, M. C. Criação de experiências turísticas memoráveis no turismo rural. In: Turismo rural no Brasil e experiências turísticas memoráveis / Organizadores Osiris Marques, Fátima Priscila Morela Edra, Marllon Santos da Silva. – Jundiaí-SP: Paco Editorial, 2023. Disponível em: https://editorialpaco.com.br/ebook/gratis/9788546224418.pdf
ESTEVES, L.C.G; NUNES, M.F.R; NETO, M.F.; ABRAMOVAY, M. et al. (2005). Estar no papel: cartas dos jovens do ensino médio. Brasília: UNESCO, INEP/MEC, 2005
GABARDO, W.; VALDUGA, V. (2021) A paisagem do vinho: o gosto da experiência In: MEDEIROS, R. M. V.; LINDNER, M (Org.). Patrimônio, turismo e vitivinicultura: marcas na paisagem [livro eletrônico] (pp. 10-25). Alvorada-RS: Jad Editora Editoração Gráfica
GADE, D. W. Tradition, Territory, and Terroir in French Viniculture: Cassis, France, and Appellation Contrôlée. Annals of the Association of American Geographers, v. 94, n. 4, p. 848–867, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1467-8306.2004.00438.x DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8306.2004.00438.x
GARLET, V.; GRELLMANN, C. P.; GAI, M. J. P.; MADRUGA, L. R. R. G. Experiências turísticas memoráveis. Tourism and Hospitality International Journal, v. 12, n. 2, p. 76-91, 2019.
GURGEL, H.; AMARAL, E. Paraty, Caminho do Ouro. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 1973.
INMETRO (2005). Portaria nº 126, de 2005. Aprova o Regulamento de avaliação da conformidade da cachaça. DOU, Brasília. Diário Oficial da República federativa do Brasil. Disponível em: www.inmetro.gov.br. Acesso em 05 de agosto de 2024.
INPI (2024). Revista da Propriedade Industrial Nº 2769 de 30 de Janeiro de 2024. Brasília.
JACQUET, O. Les appellations d’origine et le debát sur la tipicité dans la pre mière moitié du XXe siècle: le rôle du syndicalisme vitivinicole bourguignon et la création des AOC. In: HINNEWINKEL, J.-C. Faire vivre le terroir: AOC, ter roirs et territoires du vin. Pessac: Presses Universitaires de Bordeaux. p. 117-128, 2010. DOI: https://doi.org/10.58335/territoiresduvin.1441
JUSTO, G. Cachaça sofre preconceito no Brasil, dizem produtores, mas faz sucesso no exterior. Folha de São Paulo, 28 mar. 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/comida/2024/03/cachaca-sofre-preconceito-no-brasil-dizem-produtores-mas-faz-sucesso-no-exterior.shtml#:~:text=Segundo%20o%20Instituto%20Brasileiro%20da,subiu%20de%2075%20para%2080. Acesso em 05 dez. 2024.
KASTENHOLZ, E., CARNEIRO, M. J., MARQUES, C. P., & LOUREIRO, S. M. C. The dimensions of rural tourism experience: impacts on arousal, memory, and satisfaction. Journal of Travel and Tourism Marketing, v. 35, n. 2, p. 189–201, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1080/10548408.2017.1350617 DOI: https://doi.org/10.1080/10548408.2017.1350617
KIM, J.-H.; RITCHIE, J. R. B.; MCCORMICK, B. Development of a Scale to Measure Memorable Tourism Experiences. Journal of Travel Research, v. 51, n. 1, p. 12-25, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0047287510385467 DOI: https://doi.org/10.1177/0047287510385467
KIM, J.-H.; RITCHIE, J. R. B.; MCCORMICK, B. The effect of memorable experience on behavioral intentions in tourism: A structural equation modeling approach. Tourism Analysis, v. 15, n. 6, p. 637-648, 2010. Disponível em https://doi.org/10.372 7/108354210X12904412049776 DOI: https://doi.org/10.3727/108354210X12904412049776
LE COUTEUR, P.; BURRESON, J. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história. Trad. M.L.X.A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
LEÃO, F.; FREIRE, L. G. Mucungo: a história da cachaça em Paraty. Paraty, RJ: Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça de Paraty (APACAP), 2021.
MACCARI, L. D. B. R. Certificação de cachaça: como diferenciar seu produto: conheça os procedimentos para agregar valor à sua cachaça por meio da certificação. Brasília: Sebrae, 2013. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/bfc06e87d61b20d20321d8b07643bbeb/$File/4252.pdf
MAYER, V. F.; Sant’Anna, E. S. (Orgs). Projeto Experiências do Brasil Rural: Manual de implementação para desenvolvimento de experiências memoráveis em roteiros turísticos. [Niterói]: Universidade Federal Fluminense, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/experiencias-do-brasil-rural/2022ManualdeImplementao.pdf
MATTOSO, Adriana et al. O Caminho do Ouro em Paraty e sua paisagem. Rio de Janeiro: Pagem UERJ, 2009.
MELLO, D. Paraty estudante. 2. ed. Angra dos Reis: Instituto Histórico e Artístico de Paraty, 2009.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Estudos Estratégicos do Turismo para 2020. Madrid: OMT, 1997.
PADILHA, M. N. Turismo, Patrimônio Histórico e Transformações Socioespaciais em Cidades Tombadas. O caso de Paraty. Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade, v. 8, n. 4, pp. 435-450, 2016 DOI: https://doi.org/10.18226/21789061.v8i4p435
PAES, M.T.D. Trajetórias do patrimônio cultural e os sentidos dos seus usos em Paraty (RJ). Resgate - Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, v.23, n.30, pp. 105-118, jul./dez, 2015. DOI: https://doi.org/10.20396/resgate.v23i30.8645810
PLANO DE GESTÃO (2008). Paraty Patrimônio da Humanidade – Versão Preliminar. Grupo de Trabalho da Comissão Permanente Pró Sítio do Patrimônio Mundial de Paraty, RJ. Disponível em: http://www.pagem.uerj.br/textos/172_2009/docs/C%F3digos%20e%20Leis%20-%20Paraty/IPHAN/plano%20de%20gestao%20-%20paraty%20patrimonio.pdf. Acesso em: maio/2024.
PINE, B. J.; GILMORE, J. H. The experience economy. Harvard Business Press, 2011.
PINE, B. J.; GILMORE, J. H. Welcome to the experience economy. Harvard Business Review, 1998. Disponível em: https://hbr.org/1998/07/welcome-to-the-experience-economy.
RIBAS, M. C. A história do Caminho do Ouro em Paraty. Rio de Janeiro: Grupo Contadores de Histórias/Contest Produções Culturais, 2003.
SCHWARTZ, S.B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SILVA, A. N. R. S. D.; RADOS, G. J. V.; HORII, J. A certificação agregando valor à cachaça do Brasil. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 4, p. 681-687, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-20612007000400002 DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-20612007000400002
SILVA, J. M. Cachaça: o mais brasileiro dos prazeres. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006.
SOUSA, R. G. Revolta da Cachaça. Brasil Escola, 2024. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/revolta-cachaca.htm. Acesso em 07 de outubro de 2024.
TRIGO, L. G. G. A viagem como experiência significativa. In: A. Panosso Netto & C. Gaeta (orgs.). Turismo de experiência (p. 21-42). São Paulo: Editora Senac, 2010.
UNESCO. Convenção para a protecção do património mundial, cultural e natural. 1972. Disponível em: https://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf
UNESCO. Paraty e Ilha Grande se tornam o primeiro sítio misto do Patrimônio Mundial localizado no Brasil. 2019. Disponível em: http://www.unesco.org/new/ pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/paraty_becomes_the_first_mixed_world_heritage_site_in_brazil/
VALDUGA, M. C.; OLIVEIRA, R. L.; SANT’ANNA, E. S.; MARQUES, O. R. B. Experiências
turísticas memoráveis em ambientes rurais: pesquisa-ação com empreendedores da Rota do Queijo – Terroir Vertentes, Minas Gerais, Brasil. Turismo – Visão e Ação, v. 25, n. 2, p. 198-218, 2023. DOI: https://doi.org/10.14210/rtva.v25n2.p198-218
VAUDOUR, E. The Quality of Grapes and Wine in Relation to Geography: Notions of Terroir at Various Scales. Journal of Wine Research, v. 13, n. 2, p. 117–141, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1080/0957126022000017981 DOI: https://doi.org/10.1080/0957126022000017981
VIEIRA, A. História da cana-de-açúcar e o meio ambiente. Centro de Estudos de História do Atlântico, 2002. Disponível em: http://www.ceha-madeira.net
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autorizo a publicação de meu trabalho, pela Revista Hospitalidade, de acesso aberto e gratuito, por prazo indeterminado e a título de colaboração não remunerada. Declaro também que o textual apresentados são de minha autoria, indicadas as fontes quando necessárias. Declaro ainda que reconheço a política de punição por eventuais plágios devidamente identificados, que consiste na eliminação imediata dos arquivos com essa caracterização.Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.